sábado, 17 de março de 2012

A tendência, a moda, o mundo!!

Moda Brasileira Ponto ComNa página inteira da revista, a imagem perfeita. A pele, os cabelos, a boca, os olhos. As curvas. É instantâneo desejar o vestido da modelo, talvez porque ele me desperte o desejo pacote-completo: quero ser a modelo. Fecho a revista e abro o laptop. Na tela do computador, uma pessoa real. Já até a vi na rua. O vestido que ela usa é o mesmo da modelo da revista. Não parece tão glamuroso, mas continua bonito. Ela é real e eu também. Começo a pensar seriamente no vestido.
Por algumas décadas, a moda foi assunto distante. Nem forma de expressão, nem manifestação cultural. A moda era algo fora de nós. Feita para as passarelas, manequins, tapetes vermelhos e corpos esguios. Não nos reconhecíamos nela. Moda era sonho e o sonho era distante.
“Ela mexe com moda”, costumávamos dizer. Como se o simples ato de vestir alguma coisa para ir ao trabalho não fosse em si uma atitude de moda.
Mas nem só no vestir moravam os nossos sonhos. Famoso por suas mulheres de Ipanema, o Brasil vendia a sua imagem dourada para o resto do mundo. Sabíamos nos despir como nenhum outro país.
Mais uma vez a distância. O que fazer com os nossos corpos se eles não estivessem bronzeados? Como caminhar até o mar se não nos acompanha o Photoshop?
Acelera o filme. Estamos nos anos 90. A internet já faz parte das nossas vidas. E aos poucos vamos descobrindo que ela é muito mais que uma forma fazer as cartas partirem num segundo e chegarem no outro.
Mágica como o nosso sonho do “teletransporte”, a web virtualiza a informação. A enciclopédia Barsa migra para o computador. Os jornais não sujam mais os dedos. A notícia chega mais rápido que o pensamento.
Em 1997, a coisa começa a esquentar. Um garoto cria o blog – o diário pessoal que pode ser dividido com o mundo, sem constrangimentos. Pensou, escreveu, publicou: ao alcance de leitores de qualquer lugar do planeta.
(Pause no filme. Presta atenção e anota, porque nessa parte muita coisa acontece.)
Acontece, por exemplo, o fim das fronteiras geográficas e o encontro entre as mentes de pessoas de todas as latitudes, que passam a compartilhar suas dúvidas, crenças, sonhos e causas – sem que o fuso-horário seja um problema.
2004. Nascem o Orkut e o Facebook. Os sites de relacionamento são capazes de casar pessoas de pontos opostos do planeta. Nasce uma nova geografia: a das afinidades. Nela, o americano e o japonês são vizinhos de muro.
Em 2005, a criação do Youtube comprova: a vida real nunca foi tão interessante. Mais uma fresta para observar vidas de gente de todo tipo.
Enquanto isso, blogs sobre todos os assuntos continuam a surgir. Mais que conteúdo formal, as pessoas buscam conselhos, relatos sinceros. As empresas são grandes demais para que se confie nelas. A web é ampla demais para que eu comece do nada a minha procura. O tempo é curto demais para que eu cometa erros ao longo da estrada. Melhor consultar as pessoas ao redor do mundo.
E da angústia diante das infinitas possibilidades, passamos à alegria de encontrar quem nos indique o melhor caminho. Para fazer minha viagem mais segura, converso com quem conhece a estrada.
Revolução na troca de informações. O que era uma imposição de cima para baixo – manda quem pode, obedece quem tem juízo – agora é democracia. O monólogo vira diálogo – ou seminário, com gente de todo canto. Relatos, reclamações e opiniões vão e vêm em todas as direções. O computador torna-se arma de um movimento coletivo.
Se o site informa, o blog aconselha. É pessoal. E um mau conselho pode acabar com uma grande amizade. É alguém que está dizendo, não é o discurso do porta-voz de uma multinacional. E cada pessoa passa a eleger o seu blogueiro de confiança.
Em 2006, uma revolução em apenas 140 caracteres: com o Twitter, passamos a acompanhar os pensamentos de cada um. Nunca mais estaremos sós.
2008. A internet elege um presidente negro para os Estados Unidos. De clique em clique, mudam-se até atitudes.
(Muita história para muito pouco tempo. E o mundo de cabeça pra baixo.)
O particular torna-se coletivo. O coletivo chega bem perto de cada um. Não temos apenas dois olhos, mas muitos. Não temos só uma opinião: temos várias.
Em seu pequeno quarto em Pequim, a chinesinha se veste colorido – e fotografa. Longe dali, uma espanhola espia. E compartilha a foto. Um brasileiro elogia de cá. A indiana palpita de lá. E a conversa não tem mais fim. A moda do dia a dia ganha corpo. E voz.
Em Nova York, um fotógrafo de moda clica os looks dos transeuntes. No Brasil, uma mulher resolve registrar as roupas que usa para ir trabalhar. As fotos ganham legendas, como num editorial de moda. E o mundo acompanha.
O blog vira moda. O blog de moda vira tendência. Leitoras vorazes são também blogueiras que não passam um dia sem postar. Meninas de 12 anos falam sobre o que vestem, com a mesma tranquilidade com que criticam os modelos que passam pelos tapetes vermelhos. E os estilistas acompanham.
As ruas, que antes refletiam a criação dos estilistas, passam a ser também inspiração.
A internet ganha milhares de blogs de moda a cada dia. Estima-se que existam 13 milhões de blogs no mundo sobre o assunto – cerca de 100 mil deles podem ser brasileiros. Do jeans ao vestido de festa, dos sapatos às bijuterias, da maquiagem ao esmalte, não há assunto esquecido pelos blogueiros, não há pergunta que não possa ser respondida. São os consultores informais de moda. Amigos que temos espalhados pelo mundo para nos ajudar a colocar lá no alto a nossa autoestima.
A moda, antes tão distante, agora se confunde com o nosso dia a dia. Como escovar os dentes.
Um dia, no blog da moça que vai trabalhar, uma mulher comenta: “Você se veste como as francesas: para mostrar a roupa, e não o corpo”. É a mulher brasileira aprendendo a se vestir, com a mesma arte com que se despe.
Nem o corpo, nem a roupa. Democrática, a moda brasileira vê nascer o que faz sentido: vestir-se para 
revelar a alma.
by pela fofa e linda da Crys Guerra que vai casar....e eu me emocionei quando soube disso, acompanhei a sua triste história e isso deixa meu coração cheio de paz...Amém!!

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